Quinta-feira, 29 de Setembro de 2005
O tempo faz-me mal, perturba. Não consigo controlá-lo, não sei andar sem relógio, tenho de o vigiar todos os instantes. E se um bocado fugir? Não há maneira de o recuperar. Se a fruta apodrece na árvore. Se os dias não têm ligação. O que se esvai é insuportável.
É a geometria de nós, esse tempo. Marca os pontos que fazem as rectas ou as curvas, que nos mostram os planos e as superfícies.
Está-se agora a justificar um pedaço de insanidade, uma fobia que não sei o nome, porque é tudo mentira, caridosa talvez, mas para desculpar... só isso.
Porque a frágil força dos minutos e das horas e dos dias é serem irredutíveis. Não serve medir porque falta o outro instrumento, a tenaz com que se atiça o lume, que acelera, que pára, que penetra nesses minutos, alterando os dias e as horas.
Ainda bem que não se pode voltar atrás no tempo, senão voltava ao principio disto, só para perceber que não faço sentido neste precisar de medir... o tempo.
Ultimamente escondo-me, preservo-me, melhor assim.
Já houve quem por aí notasse isso.
Mais abstracto, menos óbvio. São luas que se tem.
Se novas marés aparecerem sereis os primeiros a saber.

Mata-se a cabeça a perceber como é possível. Se calhar não é mesmo possível.
Mas enquanto dura é mesmo bom. Mas enquanto dura ninguém entende.
É assim que eu vejo a forma como estamos os dois.
Tão juntos, mas sem colarmos. Tão perto um do outro.
Nunca pensámos sobre isto a meias. Nem sequer me lembrei de to perguntar.
Acho que sabes que fazemos bem um ao outro, e isso vai bastando.
Podes ir quando quiseres, se isso te fizer bem.
publicado por zéoliveira às 00:47
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Como é que vim aqui parar?
publicado por zéoliveira às 00:38
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Já sei.
Vou marcar um golo!
Vou fugir pró Brasil!
Vou beber vodka e falar de nada.
Vou andar de escorrega e cair de cú.
Antes que ele venha.
Não me apetece o Inverno e ele também não me quer.
publicado por zéoliveira às 00:33
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Terça-feira, 27 de Setembro de 2005
publicado por zéoliveira às 14:40
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As pessoas têm formas diferentes.
Existem quadrados, triângulos, círculos...
Só que ninguém vê as formas.
Depois não encaixam,
E fica-se sem saber porquê.
A propósito,
Na terra do meu avô havia um homem que foi internado no Júlio de Matos.
Isto aconteceu há 30 anos, acho que ainda lá está.
Ficou assim quando uma mulher o deixou.
Cuidado, muito cuidado, que não tem piada nenhuma!
Tenham muito medo do medo. O medo mata, fere, parte, rasga. Ainda está por descobrir uma arma mais eficaz. Mata tudo à volta, como um vírus ou uma bomba. Sem eufemismos, foi sempre o medo que me conseguiu partir os ossos, mas quase nunca o meu... o dos outros. O medo dos outros já me fez cair lá do alto demasiadas vezes.
publicado por zéoliveira às 00:15
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Segunda-feira, 26 de Setembro de 2005
A velha a estender o lençol, o sol a estender o calor.
A janela do escritório a mostrar a cidade, e a cidade à espera que eu esteja pronto.
Os gatos a gozar indolentemente com o meu sábado.
O sábado às vezes vinga-se. A praia está do outro lado do rio.
publicado por zéoliveira às 23:17
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Cruel este tempo da minha vida, estar sempre a tomar decisões, em cada passo que se dá está-se escolher um destino...
Fazer greve às opções, fazer greve ao destino, fazer greve ao futuro.
Sexta-feira, 23 de Setembro de 2005
Há muitos anos havia o rol, a lista da mercearia, aquilo que precisávamos.
O meu rol:
- sol,
- água fresca,
- dedos,
- tostas integrais,
- língua,
- comida para o kafka,
- acordar-te de manhã e saborear-te.
publicado por zéoliveira às 18:53
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Quem foi o cão que me mordeu?
Exijo saber!
Alguém vai ter de me curar esta raiva.
Olhem bem, com os 5 sentidos, tentem parar um instante. É estranho não é? Vê-se um som estranho sem origem definida, com um cheiro muito frio a acompanhar. Quase de certeza que também há nuvens de vapor junto ao chão, mas a escuridão não deixa perceber. Só há uma saída, que deve estar atrás de mim, é melhor virar-me e correr daqui para fora.
A tua noite foi igual à minha?
publicado por zéoliveira às 14:16
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foto roubada
Nunca encontro o caminho à primeira.
Peço indicações, 1ª à esquerda, rotunda, na placa que diz casa de pasto outra vez à esquerda.
Porque é que nunca consigo chegar ao destino?
A meio começo a ter dúvidas se quero mesmo ir por ali, se quero mesmo ir para aquele destino.
E perco-me outra vez.
Um dia vou chegar a um lugar, que será diferente do sítio onde pensava ir.
Mas deixo-me ficar, há-de ser um bom sítio para ficar, esse lugar improvisado.
publicado por zéoliveira às 12:06
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Ultimamente tens aparecido menos...
Nem temos falado, não acordo contigo, não te vejo na rua.
Já nem me lembro do teu cheiro.
Acho que são boas notícias, isto que estou a contar.
publicado por zéoliveira às 11:42
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Hoje estou cansado, e até ligeiramente triste. Como no fim de qualquer coisa. Hoje não estou com vontade de ter paciência. Hoje sou como o Esteves sem metafísica, mas também sem a realidade das coisas concretas à volta.
Talvez esteja a violar algumas regras, talvez esteja pesado e a flutuar, com certeza não estou a fazer o que era suposto. Quando os outros agem, prevêem a reacção... mas depois entro eu, a violar as regras.
Mais uma história que chegou ao fim, e que eu não vos vou contar.
Adeus ao outro personagem.
publicado por zéoliveira às 11:25
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Sexta-feira, 16 de Setembro de 2005
A que distância devo estar de mim, para me ver e ainda assim ser o mesmo?
Concentrar um corpo num ponto e afastá-lo de si, ficando com a mesma inércia.
É isto o raio de giração.
Tem algo de hedonista, só funciona se rodar sobre mim próprio, e só se aplica se estiver a olhar para o meu centro.
publicado por zéoliveira às 17:59
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Bastava um dia pra mostrar quem sou
Embora ignore agora com quem vou
Mas vejo um fim tão mau, não vês que em mim tudo é maior
Hoje o desejo amanhã nasce o ódio em mim
memória doce dos ORNATOS VIOLETA, e de uma forma de vida que já tentei...mas não consegui.
publicado por zéoliveira às 16:36
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Que tempo é este?
Cadáveres a boiar de barriga pra baixo.
Que idade é esta?
Alguns de nós a querer saltar pela janela da sala.
Que dores são estas?
Sem marcas visíveis no corpo.
Que vida é esta?
É tão diferente, mudou tudo em tão pouco tempo.
publicado por zéoliveira às 12:33
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Quinta-feira, 15 de Setembro de 2005
Polegadas?!?! Com um raio!
publicado por zéoliveira às 02:16
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Há quem tenha um espinho no coração.
Eu tenho um espinho na mão.
E um ariete medieval soldado a um semáforo colado a uma tocha olímpica pregada a um parachoques de um camião... espetado no coração.
publicado por zéoliveira às 02:13
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Voltando para trás no tempo... sem azedume.
Eu não devo ter dado o melhor de mim, tu também não o fizeste, ou sem azedume, o melhor que tinhas foi o que aconteceste comigo. Cá está uma possível explicação.
Agora a verdade. Serraste-me ao meio! Com uma moto-serra. Nem sei como, deves ter vindo pelas minhas costas. E eu já me arrependi de me ter levantado, porque ando a arrastar a minha pena. Sem recursos nem curas.
publicado por zéoliveira às 02:05
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Tenho um amigo que é um observador, um curioso. Ele às vezes vem ter comigo e conta-me o que vê. Ele, com o passar do tempo, ficou diferente, para melhor, está mais maduro, antes via menos e perturbava mais (como o princípio de Heisenberg), quero dizer, marcava muito com a sua presença.
Mas agora já não, fez-se um homem, o meu amigo.
publicado por zéoliveira às 01:56
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Atenção! A quem aqui tenha vindo parar de propósito ou por engano. Não sou um tipo suficientemente atormentado, nunca hei-de ter nada demasiado profundo para dizer.
publicado por zéoliveira às 01:49
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Por aqui vive-se. Talvez da melhor maneira que se sabe. Talvez mesmo da melhor maneira possível. Por aqui é-se talvez relativamente feliz.
Objectivamente a biologia não tem estados de alma, não será concerteza necessário, as vidas vivem sem eles.
Menos por aqui, onde os sentimentos e os ressentimentos, as ilusões e as desilusões, o amor e a indiferença, tudo é importante.
Há um sítio onde me sinto mesmo de cá. Um sítio onde me sinto bem perto do chão. Não é metafísica nem baboseira, é mesmo uma sensação. A sensação de estar a andar estupidamente confortável, de estar ligado àquele chão.
Agora virá a parte escura, sinistra, não sou pastor na Serra da Estrela ou pescador das Berlengas, o sítio de que falo é no centro desta cidade, bem no meio da estrada, no asfalto da esquina da minha Rua.
Como é que se chama um especialista em psiquiatria da planta dos pés?
Indolência... sinal de inteligência?
Depressão... cura-se com objectivos?
Objectivos... devem fazer sentido?
Querer... é um sentimento?
Ama-se alguém?... ou precisamos de alguém?
Amar...Existe?
Carrossel emocional? É uma forma de vida?
Sossego espiritual... empobrece?
Como é que se mede o grau de bipolaridade de uma pessoa? Com um busca-pólos?