
Morder-te nos teus espinhos ou arranhar as costas pouco familiares.
Encontrar pernas que não deviam estar nem ser naquele lugar, de tão diferente do hábito que eram outras e outras e outras.
Cheirar-mo-nos o cheiro do suor abafado, um quente meio molhado.
Mas o tempo passa, mas o tempo voa.
E todos os dias haverão formas diferente de ser assim (ou parecido) com outros corpos.
Mas afinal o tempo não passa, o tempo gasta-se com cheiros, calor, bons acordares ou outras vezes maus.
O tempo é metodicamente estoirado a procurar.

Já ocorreu escrever um dicionário de mim, superficial e mundano. Pôr as minhas significações e estados todos por ordem alfabética, devidamente catalogados, como uma colecção de insectos mortos e espetados com agulhas numa folha de papel branco. Antes deste umbiguismo terá talvez ocorrido escrever o dicionário de outro(a), mas se foi assim, terá passado tanto tempo que é uma mera conjectura arqueológica.
Não se vê nada quando o tempo é passado a olhar para dentro.