Sexta-feira, 9 de Março de 2007
de repente apetecia mais um blog, que este já chateia um pedaço...
e então redondovocabulo.blogspot.com
não sei quem morre nem quem vive no fim
nem isso terá grande importância...
publicado por zéoliveira às 21:43
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Quarta-feira, 7 de Março de 2007
Lembro-me de ser puto e ouvir este disco (em vinil!) vezes sem conta. O disco chama-se “Pano Cru”, e por acaso voltei a ouvir uma dessas músicas hoje “2º andar direito”. Fica aqui a letra, porque é realmente boa.
“
Ele vinte anos, e ela dezoito
e há cinco dias sem trocarem palavra
lembrando as zangas que um só beijo curava
e esta história começa no instante
em que o homem empurra a porta pesada
e entra no quarto onde a mulher está deitada
a dormir de um sono ligeiro
E no quarto, às cegas,
o escuro abraça-o como que a um companheiro
que se conhece pelo tocar e pelo cheiro
e é o ruído que o chão faz que lhe traz
o gosto ao quarto depois de uma ruptura
faz-lhe sentir que entre os dois algo ainda dura
dos dias em que um beijo bastava
E agora, da cama
vem uma voz que diz sussurando: És tu?
e a luz acende-se sobre um braço nu
e a mulher pergunta: A que vens agora?
é que não sei se reparaste na hora
deixa dormir quem quer dormir, vai-te embora
amanhã tenho de ir trabalhar
Não fales, que o bébé ainda acorda
não grites, que o vizinho ainda acorda
e não me olhes, que o amor ainda acorda
deixa-o dormir, o nosso amor, um bocadinho mais
deixa-o dormir, que viveu dias tão brutais
E o homem de pé
parece um rapazinho a ver se compreende
e grita e diz que ele também não se vende
que quer a paz mas de outra maneira
e nem que essa noite fosse a derradeira
veio afirmar quer ela queira ou não queira
que os dois ainda têm muito que aprender
Se temos…! diz ela
mas o problema não é só de aprender
é saber a partir daí que fazer
e o homem diz: Que queres que eu responda?
Não estamos no mesmo comprimento de onda…
Tu a mandares-me esse sorriso à Gioconda
e eu com ar de filme americano
Somos tão novos, diz o homem
e agora é a vez de a mulher se impacientar
essa frase já começa a tresandar
é que não é só uma questão de identidade
é eu ou tu, seja quem for, ter vontade
de mudar ou deixar mudar
Não fales,…
E assim se ouviu
pela noite fora os dois amantes falar
e o que não vi só tive que imaginar
é preciso explicar que sou eu o vizinho
e à noite vivo neste quarto sozinho
corpo cansado e cabeça em desalinho
e o prédio inteiro nos meus ouvidos
Veio a manhã e diziam
telefona ao teu patrão, diz que hoje não vais
que viveste uns dias assim tão brutais
e que precisas de convalescença
sei lá, inventa qualquer coisa, uma doença
mete um atestado ou pede licença
sem prazo nem vencimento, se preciso for
(Espero que não seja preciso, porque não
sei como é que eles vão viver sem os dois salários…)
Vá fala, que o bébé está acordado
o vizinho deve estar já acordado
e o amor, pronto, também está acordado
mas tem cuidado, trata-o bem
muito bem, de mansinho
que ainda agora vai pisar outro caminho.
“
Autor: sérgio godinho
Sexta-feira, 2 de Março de 2007
Às vezes penso assim
pés molhados, existir sempre com os pés molhados. os dedos engelhados
costas despeladas, o ano todo a cair a pele. a comichão boa
sal no corpo, sem estações do ano. sempre com sal
imagina-se tempos idílicos, quentes.
publicado por zéoliveira às 00:58
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Apagar, onde é que se compra um apagador gigante?
Fazer uma raspagem no ventre da memória. Catar todos os piolhos mentais
Voltar ao princípio para fugir ao passado, reconstrui-lo aliás. Radicalmente diferente.
Arreganhar anos perdidos. Arrebatar todos os dias do tempo, que já não ficavam assim gastos por nada...
publicado por zéoliveira às 00:55
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horas apático, em dedicada vegetação
doutras vezes inabilmente tento acrescentar algo a alguma coisa (ou a alguém)
mas a maior das vezes razoavelmente eléctrico e em velocidade crescente
realmente empenhado em não deixar tudo como estava antes de chegar
serão estados de alma? estados de corpo? estados de sítio? estados de estudo?
acho que acabei de fazer, pela primeira vez uma demonstração por redução ao absurdo... eu não sou um, vou variando (como acima está escrito e descrito)
não sendo um, não poderia ter um anjo da guarda
portanto se quando o chamo ele aparecer, como é absurda a existência dele
TAMBÉM EU SOU ABSURDO
publicado por zéoliveira às 00:47
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5 de maio de 1946 - Miguel Torga - diário
" Ninguém quer saber se o caminho de um criador o leva à morada das musas e da beleza; espreita-se da janela, mas é para ver se ele vai à missa"
Assim quase sempre somos, já a Ilha dos Amores foi censurada, já o Eça o escreveu sempre em todos os livros, o Torga... até o Cesariny que soube escrever que era paneleiro com todas as letras.
Esta moral que nos dá de comer à hipocrisia, que asfixia qualquer microscópica ou maior diferença. Beatice mal arrumada, esqueletos nos armários.
Se em vez de importarmos coisas de plástico da China... melhor, se em vez de importarmos a Nokia da Finlândia, importássemos os seus valores?
A que propósito isto? Porque a liberdade não anda por aí tão livre como se pensa.
publicado por zéoliveira às 00:26
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